Monday, July 16, 2007



AYAAN A GRANDE LUTADORA

Ayaan Hirsi Ali, autora de Infidel, Free Press, New York, 2007

Ayaan, filha de Hirsi que era filho de Magan: ainda em criança sabia recitar os nomes dos oito séculos de antepassados da linha paterna. Se não memorizava a bem, então era a mal e sempre às mãos da implacável avó. Lembra o Livro de Génesis e o recital dos descendentes dos patriarcas. Quando Ayaan conta a história da sua infância em Mogadishu na Somália e mais tarde na Arábia Saudita, na Etiópia e no Quénia, somos transportados para a época bíblica onde a tribo e o clã estão omnipresentes e a vida individual não conta. Apesar de haver camiões e carros, telefones e rádios, é um mundo muito distante do nosso.


É um mundo onde a mulher é totalmente subordinada ao homem; onde a sua virgindade é garantida com a faca através da mutilação genital em criança; onde é obrigada a casar com um homem escolhido pelo pai; onde uma palavra ou um olhar trocado com um homem que não seja pai ou irmão, pode trazer a pena de morte. Um mundo onde a mulher violada é castigada e não o violador. Um mundo onde as mulheres, desde uma tenra idade, terão que tapar o rosto e o resto do corpo, para não provocar os (aparentemente) incontroláveis apetites dos homens. Um mundo em que aprender os dogmas do Islão consiste em decorar o Alcorão em Árabe, muitas vezes sem conhecer essa língua.

Um mundo em que uma das doutrinas decoradas é do direito do marido de bater na mulher. Foi esse o mundo em que Ayaan cresceu. Ela conta tudo, com uma candura quase compulsiva, não omitindo nada. Conta os horrores, mas também as benesses, Lembra-se da tirania da família e do clã, mas também da solidariedade e generosidade deles em tempos difíceis. Fala da ternura dentro da família, ternura que, apesar, da crueldade, também existia.

Fala, sobretudo do pai que adorava, e que relativamente ao obscurantismo generalizado na Somália, era um homem moderno e esclarecido, e que queria que a filha tivesse acesso ao ensino. Ele não concordava com a mutilação genital das raparigas mas a avó, na ausência dele, obrigou a mãe a cumprir com a tradição.



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